segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

APÓS A TOMADA DE DECISÃO, RECOLHENDO O TAPETE VERMELHO

Não sei que reação eu esperava dele, se esperava que ele fizesse algum movimento, sei lá! O fato foi que conseguiu me surpreender com a resposta. E conseguiu machucar... Mas foi a última vez. Momento de partir e de te deixar.



Dez minutos depois da primeira mensagem, ele enviou outra, dizendo que entendia perfeitamente, desculpando-se por não ter correspondido às minhas expectativas, afirmando que continuamos amigos. Isso não fez diferença: já não confio. E há poucas semanas, qualquer palavra que viesse dele recebia um grande significado da minha parte. De todo modo, já se passou um dia desde então. Como o bloqueei, nem ele pode me ver ou ver minhas postagens, nem eu as dele. E aí começo a perceber que, estranhamente, sinto falta de sua presença em minha vida. Fico revirando no facebook, como se em algum momento fosse encontrar suas fotos ou postagens. E começo a me questionar: que função esse homem estava cumprindo na minha vida, a ponto de eu buscar pelas suas postagens, mesmo quando sei que elas vão fazer eu me sentir ofendido e desvalorizado? Nos últimos dias, ao clicar para ver minha página inicial, já estava tenso pelo que iria ver.  

Contudo, olhando com mais atenção, percebo que desenvolvi uma relação de dependência, que foi gerando sofrimento mesmo antes da vinda dele a Porto Alegre. Já estava se estabelecendo uma relação abusiva ali, e preciso entender de que modo contribuí para isso. Decididamente não gosto de sofrer, então não é em busca disso que eu estou. É em busca do quê, então? Quando nosso papo começou a passar de safadeza para amizade, começamos a compartilhar experiências de vida, ele já havia passado por várias das experiências que estou passando. Coisa que estavam me assustando, deixando apreensivo e inseguro, ele já havia passado e, do seu modo, sido bem sucedido. Com o tempo a confiança foi aumentando, e eu me sentia muito seguro quando conversávamos, “não sentia medo da vida” pelos desafios que se apresentavam, quando conversávamos. Sentia que alguém me entendia, porque já havia atravessado situação parecida (me refiro à separação, filhos, contar aos filhos sobre ser gay, etc). E me sentia valorizado como homem, pela parte sexual que rolava entre nós. E foi assim que ele foi ganhando espaço na minha vida. E cada vez que o cel anunciava chegada de mensagem (eram várias por dia) eu me acendia. E comecei a esperar por essas mensagens, e a fica angustiado quando elas demoravam ou não chegavam.

Recordo que um dia ele escreveu muito, além das longas conversas ao telefone, que por vezes duravam 2 horas. No dia seguinte, respondeu minha mensagem muitas horas depois, de modo lacônico. Quando li aquilo eu soube que naquela noite ele sairia com outro homem. Foi a noite em eu ele me escreveu depois da meia noite, do banheiro do motel. Reconheço o mesmo padrão quando, depois de ter me ligado no dia 23 e no dia 24 desse mês, respondeu de modo telegráfico á mensagem eu envie no dia 25, via facebook. Dia 26 de manhã partiu para o Rio. Rola ali um padrão de procurar bastante antes de ir com outro cara, e quando chega perto dessa hora, as respostas já anunciam um afastamento. (esse relato é importante porque faz referência à questão da relação com o pai, que abordarei no final desse texto e na próxima postagem, já desvinculado da figura do pulista).

Voltando para o presente, começou assim um último processo: digerir esse momento, em que ele revelou (ou assumiu) sua pouca consideração por mim. Vejo que ele seguiu o seu caminho, um caminho legítimo (ao menos para ele).  E vejo o vazio do meu, como tentei preenchê-lo com ele. Não vivendo sua vida, mas de certo modo tornando-a eixo da minha: eu quis escrever o meu caminho ao seu lado. Que optou seguir em outra direção, uma estrada iniciada antes de me encontrar. Agora sinto o vazio, e ao mesmo tempo, minha história foi preenchida, inicialmente, com vivenciar sua falta. Isso me dava a sensação de “consistência”: a partir do sentimento de “ele não está aqui, e não estará, porque quer estar com o outro”, ficava mais nítida a sensação do “eu” que está aqui. A noção do indivíduo ficava mais nítida. Começa então um trabalho sobre mim, para entender porque esse indivíduo não se via nitidamente antes: isso abriu espaço para que o paulista entrasse na minha vida e ganhasse importância. A questão se desdobra então em duas: que vazio é esse que percebo no meu caminho (com tanta coisa que aconteceu, tantas batalhas sendo lutadas nesse ano de 2013, fico surpreso que eu ainda sentisse algum vazio!)? E como faço para reforçar esse “eu” que está trilhando sua senda, mas que parece sempre muito pronto a se ver como desvalorizado frente a uma pessoa encantadora que surja na sua frente. Mesmo que seja um saltimbanco de estrada.


E disso já houve uma consequência: o tapete vermelho não mais será estendido com tanta prontidão, um pouco de reserva fará bem, a partir de agora. Esse período de férias será fundamental para isso: cuidado de si, reconstrução e fortalecimento de mim! Porque já vi esse filme antes, então essa fragilidade minha precisa ser sanada não apenas para relacionamentos futuros, mas para mudar minha relação com o mundo que me cerca, a partir de agora. Trata-se de um modo de me relacionar com o mundo que abre brechas para situações abusivas como essa, que foi a manifestação desse fator na vida afetiva: olhando com atenção, percebo que isso tem outras manifestações em outras áreas, incluindo a profissional.
E chego ao ponto em eu percebo que, se continuar a escrever, o texto ficará chato (espero que já não tenha ficado), por que... Não tenho mais o que falar dele. Eu estava me preparando para me desintoxicar dele e não percebi que ele já foi, já partiu. Ou eu parti dele. De todo modo, estou mais livre e mais leve para seguir meu caminho, minha senda. Não sou ingênuo de acreditar que já esteja totalmente imune a ele, mais um motivo para me reforçar (até porque acredito que ele vai me procurar quando voltar do Rio: com aquele ego, não abrirá mão de uma presa assim facilmente). E se ele não aparecer, outros “paulistas” (desculpe aí, pessoal de SP) aparecerão.


Então, aqui eu me despeço de ti, paulista. Tu não vais mais ser referido aqui (apenas ilustrando a próxima postagem, como escrevi antes). Aprendi muito contigo, espero que tenhas aprendido algo comigo. Agora eu tenho de levar a minha pessoa para passear. 
Adeus!



4 comentários:

  1. Ali no meio você errou a digitação e escreveu "pulista". Melhor definição não há pra esse pipoca!

    E você está certíssimo: hora de entender o seu "50% de culpa" da história e de cuidar do seu Eu a partir disso, pra não cair em outra dependência. Pode contar com os amigos blogueiros (paulistas ou não) pras vicissitudes da vida. Só evite a dependência. Porque mesmo sem te conhecer a gente já sacou que você tem bagagem, cabeça e coração de sobra pra tirar de letra qualquer situação.

    Que seu 2014 seja SUPIMPA!

    Bjaum!

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    1. que o 2014 de todos nós seja SUPIMPA! a sensação de bem estar comigo mesmo é extrema, não por te me livrado da presença dele, mas por ter recuperado o prazer pela minha vida, minha casa, minha profissão,minha filha, MEU MUNDO, que finalmente, depois desse 1º ano pós-separação, mostra-se mais organizado e estruturado. E está assim porque eu ralei muito para que ele não ruísse nem fosse engolido pelo caos. Encerro 2013 orgulhoso de mim! Do homem que eu fui esse ano. Incluindo, do desfecho que consegui dar a essa história. E onde, como em tudo mias, não estive sozinho. E chega o momento de agradecer a força e os toques que vocês me deram aqui, tu, o Zé Luís, o Alan e o HHP. Vocês são mais um motivo que tenho para agradecer pelo ano de 2013. Que venha o próximo, e que o façamos melhor! (ou que nos façamos melhores nele, rsrsrsr).
      Até o ano que vem!

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  2. Deixo um poema de Grandmougin:

    Adieu

    Comme tout meurt vite, la rose
    Déclose,
    Et les frais manteaux diaprés
    Des prés;
    Les longs soupirs, les bienaimées,
    Fumées!

    On voit dans ce monde léger
    Changer,
    Plus vite que les flots des grèves,
    Nos rêves,
    Plus vite que le givre en fleurs,
    Nos coeurs!

    À vous l'on se croyait fidèle,
    Cruelle,
    Mais hélas! les plus longs amours
    Sont courts!
    Et je dis en quittant vos charmes,
    Sans larmes,
    Presqu'au moment de mon aveu,
    Adieu!

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    1. Uau, obrigado! O poema cai como um a luva, rsrsrsr. Queridão, obrigado por toda força, todo papo. Tu me ajudou muito a abrir os olhos. Que teus caminhos sejam plenos de pessoas generosas como tu foi comigo!

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