domingo, 15 de dezembro de 2013

Homem apaixonado... PARTE IV (e última)

Encerrei a última postagem há 3 ou 4 dias atrás com “continuo pela noite”. Então, final de ano letivo, professor enlouquecido, filha requer atenção, pai dorme enquanto faz filha dormir. Assim, passarem-se os dias (ops, teve um “pai-sai-para-jantar-e-conhecer-novo-moço” também).
E nesses dias que se passaram coisas aconteceram, dentro e fora de mim. E novas “ondas emocionais” passaram por aqui, algumas fichas caíram, questões ganharam ou perderam importância. Quinta-feira, durante um conselho de classe, repentinamente percebi como estou desgastado com toda a administração da casa. E fiquei me perguntando se atualmente tenho “espaço” dentro de mim para um relacionamento. E se o paulista não viu isso ou percebeu como estou sobrecarregado e, nesse sentido, teve mais discernimento a respeito da minha vida do que eu estava conseguindo ter. E veio a culpa, com pensamentos ao estilo “eu rateei, permiti entrever o que não está tão bem na minha vida e ele não quis ficar”. Quando me pego com esse tipo de pensamento me sinto uma mocinha casadoira dos anos 50, daquelas cujo objetivo na vida era agarrar um marido, e sinto vontade de me mandar á merda! Ele não ficou porque não quis ficar, e isso talvez já estivesse decidido, no seu íntimo, antes mesmo de aterrissar em Porto Alegre. Minha vida é imperfeita, como a de todos. E uma vez que quero ser amado pelo que sou, e não pelo que a pessoa imagine que sou... Nem preciso continuar, não é? O que o levou a não querer ficar na minha vida nunca saberei, mas posso saber mais de mim, nesse processo todo. E duas coisas ficaram claras:
1º) A barra está pesada, estou cansado, desagastado porque agindo em várias frentes: profissão, primeiro ano de sustento da casa sozinho no que antes era dividido por 2, ano com muitos acontecimentos (que incluem 2 mudanças de apartamento em poucos meses), administrar a própria vida emocional e o retorno à vida de solteiro e aos relacionamentos com homens, estar atento à vida emocional da filha com todas as mudanças, administrar as rotinas da filha... E por aí vai. Estou de língua de fora, o que é natural. Mas não tinha consciência disso, o que é perigoso. Estou encerrando meu primeiro ano de... (não quero chamar de 1º ano separado, pois é continuar vinculado a estar casado) “eu por mim mesmo” (a gramática que me perdoe). E posso me orgulhar do modo como consegui levar esse ano.
2º) De que dentro de mim mora um monstrinho ou um demônio que talvez nunca seja expulso, portanto, deve ser sempre mantido sob vigilância. Caso eu descuide dele, virá dizer no meu ouvido que eu não tenho mérito, que eu não posso ter falhas – caso as tenha, não serei amado por ninguém. Dirá também que tenho de me forjar naquilo que eu deveria ser, e o pior: o que define o que eu deveria ser não é o meu olhar, mas o olhar do outro. Como se, a partir do que percebo ser a busca do outro, eu tivesse de assumir essa forma. Vejam que armadilha isso! Se já é difícil estar atento a mim mesmo e saber o que eu quero, quanta pretensão querer saber o que o outro quer e nisso me transformar. Quanta anulação de mim mesmo, quanta atenção dedicada a descobrir “o que o outro quer” e “como me tornar isso em tempo rápido”, e quanto esquecimento de perguntar “o que eu quero?” e se “o que tenho à minha frente ainda atende ao meu desejo?”. Não é a primeira vez eu me deparo com essas questões, e já tenho mais definido o que quero, e sei que o paulista me marcou muito porque, em grande parte ele atende sim ao que quero em um companheiro. Mas também percebo que o pequeno demônio interno entrou em ação, quando descuidei, e veio com tudo. Olhando para trás, consigo relembrar alguns momentos em que tive consciência quando algo que não atendia ao meu desejo surgiu, junto ao paulista. Lembro que quase inconscientemente (ou seja, dessa vez houve um avanço, uma pequena parcela de consciência, tanto que recordo desses momentos) optei por não dar atenção aquilo e focar no eu estava me agradando. Aprendizados que levo para um aproxima vez, mas eu já devo trabalhar em mim a partir de agora, constantemente. Porque não se trata de um modo de me portar com possíveis namorados, mas sim de um modo de se relacionar com o mundo.
Acho que agora começou o tempo de cura. Que ele seja bem vindo!


Abração, e obrigado pela visita.

6 comentários:

  1. Quanto tempo durou o seu casamento?
    Bjs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. OI José,

      Fiquei casado 12 anos (na verdade, 2 de namoro e 10 casado). Por que? (fiquei curioso em saber, só isso.)

      Teu último comentário me fez pensar algumas coisas, mas como estou atendendo minha filha (que fica comigo este final de semana), não consegui te responder. Mais tarde escreverei novamente.

      Abração, e obrigado pelas visitas e pelos comentários.

      Excluir
    2. Doze anos de relacionamento ! Um ano vivendo como solteiro! O que era entendido como uma vida a dois ( tres com sua filha) passou a ser uma vida a UM! Você ainda está de luto e todo luto doi como deve ter doido a separação do seu companheiro! É mais do que natural, percebendo o nível da sua sensibilidade, que esse luto tenha sido "interrompido" pela chegada do paulista! Você confiou que uma nova etapa estava surgindo, mas foi traído na sua confiança! Palavreados doces podem ser deliciosos, mas nem sempre eles são verdadeiros na medida da confiança que depositamos neles. Muitas vezes estamos cansados de tanta dor, de tanta desconfiança que as palavras de um Don Juan podem ser como um canto de sereia!
      Nos fazem acreditar em algo que nós acreditamos , mas eles não! O problema não é a sua capacidade e vontade de recomeçar a sua vida afetiva! O problema está no medo ( muito medo ) e comodismo de um Don Juan acostumado a seduzir por hábito e não por desejo e respeito a voce!
      Bjs

      Excluir
    3. 12 anos... 'tamo junto, ermão! E é bem complicado voltar ao "mundo de mim mesmo" e recomeçar um "novo mundo de nós dois". Mas vale a pena e acho que você engrenou no caminho certo, agora. Cuide-se (em primeiro lugar) e dos seus (filha), que o resto acontece. Basta ficar atento e não se afobar, como você bem disse.

      Excluir
    4. Respondendo ao José Luiz e ao Eduardo: concordo, isso tudo é estar voltando a esse mundo de estar só , não num sentido"coitadinho de mim", mas de ter de enfrentar o mundo por mim mesmo. Não achoque ele seja exatamente, um Don Juan, mas sim, caiu numa armadilha de vaidade, talvez por estar machucado e precisar se afirmar ou se consolar... Só que não viu que eu estava pagando um preço alto, nesse processo que é dos dois, que é uma história mal resolvida dele como ex namorado. Ontem ele me ligou, conversamos muito... Mas isso fica para outra postagem. até porque sábado escrevi mas ainda não postei, então vou postar, depois reflito sobre a ligação de ontem (que deu muito o que pensar).
      Obrigado pelos comentários... É curioso como o ato de escrever aqui es´ta me fazendo descobrir coisas sobre mim mesmo (acho que assassinei o português), e como os comentários de vocês me levam a pensar adiante. Valeu, de coração! Eduardo, o teu "tamo junto" quer dizer que tu também te separou depois de 12 anos?

      Excluir
  2. Yep, quer dizer isso mesmo. 9 anos de "namoro" e 3 de "morando junto".

    E é verdade: me "acusam" de escrever em "egípcio" mas uma das coisas bacanas da interpretação de texto que fazem do que a gente escreve é justamente esse novo ângulo que um comentário pode nos dar, enquanto "autores" (e únicos sabedores exatamente do que quisermos dizer).

    ResponderExcluir