quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

AI MEU DEUS, ELE É BI!!!!!

Tendo sido casado com uma mulher, e não tendo me separado porque me descobri gay (já namorava homens desde os 18 anos e comecei a namorar minha ex aos 29), ao recomeçar a sair com homens, após a separação (sou monogâmico), percebi, para minha surpresa, o preconceito ou mesmo receio implícito que paira sobre a questão da bissexualidade. Já tive encontros cancelados em que o moço fez questão de ressaltar que “não era por causa do meu passado” (só o eufemismo usado já mostra o receio de abordar a questão. Como Lord Voldemort sendo chamado de “aquele que não deve ser nomeado”). Vi amigos e encontros abordarem a questão “cheios de dedos”, com falas como “Então... Tu foste casado com uma mulher... Quer dizer que tu és... Bissexual?”. Sempre um receio de tocar no assunto, ao mesmo tempo em que uma necessidade de falar sobre isso. Como era com a homossexualidade há pouco tempo (e ainda é, em certos círculos): uma aura de mistério e de medo. Só que entre gays... Uma reprodução de situações que já passamos entre héteros. Será a bissexualidade um novo tabu?
Um rapaz com quem saí na semana passada me disse que o mal estar em relação aos bissexuais se daria pela possibilidade de perder o cara para uma mulher. Ou, como ouvi de uma menina com quem fiquei aos 19 anos e que “esfriou” assim que soube, através de um amigo (que também é gay, e teve necessidade de correr a contar a ela, quando foi ao banheiro): “como vou ficar contigo, se ao mesmo tempo podes estar cuidando um cara?”.
Resposta para a primeira situação: perder a pessoa amada dói, independente de perder para um homem ou para uma mulher. Talvez quem sofra mais seja o orgulho, o ego vaidoso. Ou não: se um cara perde seu namorado para uma garota (na verdade, não perdemos as pessoas para outras: simplesmente as perdemos. A relação se fragiliza a ponto de não se sustentar, o eu pode permitir a entrada de entre um terceiro elemento, mas esta é posterior à fragilização). Mas, enfim, se o cara “perde” o namorado para uma garota... Talvez o tal namorado estivesse em outra, querendo uma relação com uma mulher, coisa que seu parceiro não poderia suprir. A questão já é externa a quem foi deixado, não há por que se culpar ou sentir humilhado (infelizmente, ainda tratamos relações de amor como uma questão de competência em “segurar o parceiro”).

Resposta para a segunda questão: se eu estiver a fim de um cara, nem vou ficar contigo, garota.  Vou atrás de um cara. Simples assim. Mas se estou contigo, estou contigo. Não vou te desrespeitar. A garota em questão não acreditou, e a história, que estava gostosa, melou. Mas isso foi problema dela, se não estava em condições de lidar comisso, não servia para mim. Se houvesse mais tempo e envolvimento, quem sairia machucado e desrespeitado seria eu.

Para o momento, era isso. 

Abraço de urso!

7 comentários:

  1. Eu acho tão absurdo esse tipo de preconceito. Mais ainda por ele partir de uma "camada da sociedade" (a bicharada) que sofre preconceito também. Quem me dera ser bi...

    P.S.: Cernnunnos ganhou pontos por ter citado Harry Potter.

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  2. KKKKKKKKKKKKKKKKKKK! Outro Pottermaníaco? rsrsrsrs. Acho que isso nos mostra que tendemos a defender o respeito às diferenças,mas pensando a extensão de "diferença" até o limite do nosso jardim. Abração cheio de magia!

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  3. Pára tudo! 50 pontos pra Grifinória por ser Potterhead! Hahahahaha Agora vamos às considerações: acabei de assistir o filme que você indicou no outro post. Excelente! Quanto à questão da bissexualidade, gays e hts tendem a ver bis como 'agentes duplos'. Uma grande bobagem, burrice passada por gerações. Desejo não se julga, se aceita, dói menos. rs Hugz!

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  4. Amanhã acaba minha sessão praia ! Já vi que vou ter muito o que ler e comentar!
    Bjs

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  5. A felicidade das pessoas incomodam.
    Cada um tem uma forma de viver a vida, e as pessoas insistem em ser preconceituosas com algo que julgar ser "diferente".
    Lidar com isto é um desafio.
    Abraços garoto!

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  6. Olá Cernnunnos! Quanta gente boa nesses comentários! :) Primeiro quero agradecê-lo por ter me adicionado. Acho que todas "as sexualidades" que mais se afastam do padrão socialmente estabelecido (heterossexual, monogâmico, etc) são, de fato, estigmatizadas. Eu já tive experiências com bissexuais, e confesso que também fui convidado a pensar sobre esses preconceitos. Felizmente elaborei essa questão, e nossa relação terminou por outro motivo. A parte boa da história é que assim como aprendemos os preconceitos, conseguimos "desaprender", não é mesmo?! Um abraço e parabéns pelo blog!

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