Quando compreendi isso, comecei a trabalhar toda essa questão
das carências, expectativas, fantasias assumindo-as como minhas. Após o término
do casamento, estava decidido a andar mais centrado, sem colocar a felicidade
num outro. Até porque sabia viria uma longa fase de me desprender dos
resquícios de uma relação longa: eu precisava redescobrir quem sou antes de poder
me ligar de fato a alguém. Tinha lição de casa para fazer. E assim algumas
pessoas passaram pela minha vida e pela minha cama, constituindo experiências
mais ricas, em alguns casos, ou menos ricas, em outros. Até eu alguém me tocou
de um modo diferente, e toda a conversa prévia de uma semana até ficarmos, de
fato, juntos, me amaciou, me fez “baixar a guarda” e ver ali uma possibilidade
de algum tipo de relacionamento. Eu estava levando bem minha vida sozinho,
criando minha filha, me adaptando á nova situação (isso aconteceu 7 meses após
a separação),mas quando me vi encantado por esse cara, percebi que me senti
particularmente só. Não que faltasse companhia para trocar carinho e sexo, mas sentia
falta de alguém eu me encantasse. E ali estava ele, me encantando.
A primeira postagem
desse blog foi feita em julho (em outro blog, posteriormente repostei aqui) quando
eu sofria ao constatar que, após a noite juntos, cessariam as mensagens constantes
por celular, os papos longos no facebook, e tudo mais do que tivéramos durante
toda a semana anterior. Descobri que estava prevenido para a efemeridade dos
encontros, mas disposto a “baixar a guarda” quando a pessoa me encantasse e
houvesse indícios de abertura para que algo se desenvolvesse além do sexo e da
noite gostosa. Me senti “sem chão” ao perceber que meus critérios para avaliar
a situação não correspondiam à realidade, que quando você comenta “poderíamos ter
vindo a esse restaurante” e ele comenta, te olhando no olho, “fica para a próxima”,
não quer dizer que ele está a fim de ir te conhecendo, sem compromisso, mas de
te ver novamente e permitir conhecer o que você tem de bom. E permitir que você
conheça o que ele tem de humano, de legal e de não tão legal. Permitir
descobrir que ele é de carne e osso.
Passados alguns meses, e me sentindo mais “gato escaldado”, a
situação se repete. Foram 2 meses de papo através de um site (ursos), depois
telefone (estava sem internet na época), depois Skype até que ele decidiu sobrevoar
3 estados para me conhecer, veio passar um final de semana em Porto Alegre. Nesses
2 meses, o que começou como papo de putaria foi se tornando amizade,
compartilhamento de experiências e apoio (ele também separado, pai de dois
filhos, já jovens adultos, brigou pela guarda dos filhos, etc). Chamávamos,
inicialmente, de amizade com sexo. Compartilhávamos alguma experiência marcante
que houvesse acontecido com outros caras, mas com o tempo isso foi mudando. E
os indícios de envolvimento começaram a surgir, da parte dele, como dizer “E no
momento minha aposta é você. Pronto, falei!”, e outras coisas do gênero. Discutíamos
relações familiares, trabalho, posturas de vida, chegávamos a ficar duas horas por
noite ao telefone (valeu, Tim!). Finalmente chegou o grande final de semana,
finalmente aconteceu o grande final de semana (e foi ótimo) e... acabou o
grande final de semana. Ele voltou para SP... e era isso. [continua]
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