sexta-feira, 14 de agosto de 2015

PEQUENO DIÁLOGO INTERIOR COM PALAVRAS ALHEIAS

Então percebo que minha tendência tem sido: 

"Eu queria ver no escuro do mundo 
Onde está tudo que você quer 
Pra me transformar no que te agrada 
No que me faça ver

Quais são as cores 
E as coisas pra te prender"  (Herbert Vianna)

Mas que venho me trabalhando há muito tempo para ser, cada vez mais:

“Só aquele que permanece inteiramente ele próprio pode, com o tempo, permanecer objeto do amor, porque só ele é capaz de simbolizar para o outro a vida, ser sentido como tal. Assim, nada há de mais inepto em amor do que se adaptar um ao outro, de se polir um contra o outro, e todo esse sistema interminável de concessões mútuas… E, quanto mais os seres chegam ao extremo do refinamento, tanto mais é funesto de se enxertar um sobre o outro, em nome do amor, de se transformar um em parasita do outro, quando cada um deles deve se enraizar robustamente em um solo particular, a fim de se tornar todo um mundo para o outro.” (Lou Andreas-Salomé)


Fim da história.

5 comentários:

  1. Já conversamos sobre isto um pouco, mas é verdade: são duras as palavras desse moço aí. Talvez porque não saibamos diferenciar um "permanecer ele próprio" de um "manter a vida de solteiro mesmo estando com alguém". Talvez a chave do sucesso (oi?) seja conseguir passar para o outro, em todo momento, que não se trata de deixar a putaria solta. :-)

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    1. Pois é... Será que a única forma de manter a identidade é mantendo uma vida sexual com outras pessoas? Creio (mas isso é uma coisa pessoal) que isso às vezes mascara outras lacunas de identidade... Do mesmo modo que manter-se monogâmico tb não confere união ou assegura a identidade dentro da vida de casal. Creio que antes de tudo é necessário uma busca por sabermos quem somos, cada um, por mais que as noções que temos de nós mesmo (que eu entendo por identidade) sejam coisas mutáveis... Acho que se não há uma resposta fixa e definitiva para "quem sou eu", na atualidade estamos distantes demais da pergunta em si. E isso está nos deixando com uma lacuna gigante. E sem alguma noção de quem somos fica difícil rolar o amor. E como disse o Zé, sem amor vamos buscar compensações em outros excessos.

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    2. "... compensações em outros excessos." Isso arrepia os cabelinhos da minha nuca. Não acho que passe por aí (caso amor = romance/namoro/casamento). Talvez numa minoria. Mas eu sou um otimista nato... :-)

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  2. Já conversamos um pouco e cá entre nós: Discursinho pessimista e incentivador da continuidade do EU POR MIM MESMO!!
    Horror ao existencialismo dessa linha!!

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  3. Pensando nessa colocação (um ano depois) não vejo tanto como "eu por mim mesmo",mas sim na perspectiva da diferença como possibilidade de encantamento e não de risco pra relação.

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