Então, passada uma semana de minha “nova vida” (com um emprego a menos, agora só restaram dois, e muito mais tempo) percebo que não estou me
tão ótimo e mais organizado como pensei que estaria. Ao contrário, ando ansioso e meio perdido. De repente, vejo que busquei conhecer homens de um modo
compulsivo, por chats e aplicativos, esperando encontrar... Sei lá o que (e
esse “sei lá o que” mostrou ser a chave de tudo, no fim das contas). Porque de
um lado acho absurdo sair à caça do “príncipe encantado”, por outro, vejo que
não estou lidando com as situações com a leveza do “enquanto não encontro o
homem certo, vou curtindo os errados mesmo”. O fato, agora entendo, foi que a
partir do momento em que passei a ter tempo pra vida pessoal, me deparei com um
grande vazio, com uma lacuna gigantesca no lugar onde deveria haver uma.
Então foram noites mal dormidas teclando com novos conhecidos (cheguei
de fato a “conhecer” alguém ali?), conferência precipitada de valor a pessoas
que ainda não tinham feito nada para receberem tamanha importância... E no
fundo uma recriminação silenciosa e perversa por estar me sentindo tão sozinho
e carente.
E nessa retomada de vida pessoal volto a circular pela blogsfera e caio
num papo com o lindo Zé Antonio, que me põe algumas questões cruciais. A
primeira delas foi “como não ser carente nos dias de hoje?”. Oiiiii? Mas não é
um absurdo ser carente, isso não está ligado à auto piedade, à dependência
emocional e tudo o mais de ruim? Talvez não (eu nunca pensara nisso), talvez sentir-se
carente seja apenas consequência natural do fato (e da consciência) de que não somos
autos suficientes. Se não soubermos lidar com isso, até corremos o risco de cair
na auto piedade e na dependência emocional, mas uma coisa não está automaticamente
acoplada à outra.
E de repente me vejo dizendo que me sinto só porque já me sinto pronto
para namorar novamente, mas não encontro um cara que me encante ou, quando
encontro, não rola. Parece que tendo a me encantar pelos inatingíveis. E
percebo o que acabo de dizer, que me sinto pronto para namorar. Foi ao escrever
essa frase, que “pulou pra fora de mim”, que percebi que, de fato, me sinto
forte e maduro para encarar de fato uma relação a dois. Até então isso não
estava claro para mim e preciso assumir com clareza: o que busco é um namorado.
Certamente que isso é fruto de um processo de conhecer pessoas legais, deixar
rolar gradualmente, ir conhecendo o outro até que a cosia chegue num
relacionamento criado “de dentro pra fora”. Não vou sair com uma pilha de
formulários traçando perfil de candidatos, rsrsr. Até porque pouca gente está
se candidatando a relacionamentos, hoje em dia. Ao menos nos moldes que eu
quero.
E aí
entra outra preciosa questão trazida pelo Zé: “mas o que tu consideras uma boa
relação?”. E percebo que me deparo com um dilema interno sem ter consciência dele:
que tipo de parceiro procuro? Que tipo de relação busco? Estou procurando um “príncipe
encantado” idealizado, que não existe? A solução é “baixar o nível de qualidade”?
Mas sinto que pra namorar, tem queme encantar, tem
que fazer o coração bater forte. Senão fica aquela coisa morna, só pra não
estar sozinho.
Mas, por outro lado, vejo tantos casais, que não tem como não pensar que
algo de errado tem comigo. As pessoas namoram, o que estou fazendo de errado? Novamente
a lucidez do Zé me traz que “Pessoas acompanhadas são felizes somente para
nossos olhos... Não necessariamente estão felizes juntas!”. E lembro o choque
que tantas pessoas sentiram ao saber de minha separação, porque nos viam como
um casal extremamente feliz e unido, num período em que só brigávamos.
E percebo que estar triste por estar sozinho não é recalque ou amargura,
é simplesmente um sentimento natural. Que por algum motivo não estou me
permitindo vivenciar. Mas que é necessário, já que se fez presente no meu
momento. O budismo trabalha com a ideia de abraçar as experiências – mesmo as
dolorosas – para aproveitar a oportunidade de crescer com elas. Não preciso
querer continuar nessa tristeza por estar só, mas agora percebo que a solidão
foi um demônio que me assustou a vida toda (quando criança, não acreditava num
inferno cheio de fogo, mas sim num local imenso, escuro e solitário por toda
eternidade). E que essa é uma oportunidade de olhar esse bicho papão de frente,
nos olhos, e caminhar em direção a ele, para poder um dia transcendê-lo.
Quanto á definição do que considero uma boa relação, quando consigo
pensar com franqueza, sem julgar, sem censurar, a resposta que vem é a
seguinte: companheirismo, sexo gostoso, troca cultural, o cara tem de ser
bonito aos meus olhos, me encante, que eu me sinta especial através dos olhos
dele.
E então vem novamente o demônio da dúvida: será que estou perseguindo um
modelo idealizado? E a descoberta de que não estou respeitando o que entendo
por uma relação boa, por medo de estar perseguindo algo que não existe ou algo
que inatingível, como o burro correndo atrás da cenoura amarrada á sua testa. E
por não estar acreditando naquilo que de fato me faz vibrar, venho me
submetendo a propostas “menores”, o que tem acarretado inúmeras frustrações, de
diferentes ordens.
E percebo – com ajuda – que a lógica está invertida. Ao longo da vida
passei a acreditar que me sentia infeliz porque buscava um modelo de relação
idealizado, que não existia. E passei a trair aquilo em que acredito, e a me
contentar com menos do que é meu desejo. E agora percebo que o jogo é exatamente
o oposto, acreditar no que me vai no coração (ou na mente, se é que ambos são
realmente dissociados). Arriscando estar em perseguição a uma miragem. Talvez a
grande aventura de viver seja essa. Até porque já tentei o outro lado dessa
moeda e não deu certo.
E daí lembro da frase que um amigo postou ontem, no face:
“Não deixe de jogar por ter medo de perder”.
Pode ser clichê de auto ajuda, mas hoje faz todo sentido.
Obrigado pela visita.
Terei que fazer um "favorito" desta postagem, pra quando chegar a minha hora. N momento acho que parto pra direção oposta: a de experimentar (por vontade própria) o "estar sozinho". É algo que me falta, nessa experiência de vida. Mas também é um processo longo que exigirá preparação. E a carência sempre vem...
ResponderExcluirAcabei de ler:
ResponderExcluirLucy Hunt e Paul Eastwick, da Universidade do Texas, junto com Eli Finkel, Universidade de Northwestern, queriam compreender a tendência de iniciar um namoro com pessoas que tem similaridades conosco, na qual essas semelhanças contemplam características físicas, comportamentais e psicológicas. O nome dessa “aproximação” é denominada, pela classe de cientistas, como acasalamento assortativo.
No “ramo da desejabilidade”, as pessoas que são percebidas como desejáveis, possuem maior chance de encontrar um parceiro que seja tão desejável (fisicamente) quanto elas – isso nós já estamos cansados de saber – porém, o trio de cientistas acreditava que a partir do momento em que dois indivíduos passam a se conhecer melhor, o jogo da sedução sofre uma alteração, onde o fator “desejabilidade” tende não ser mais um decisor primário.
Para averiguar a relação entre suas dúvidas e palpites, o trio de pesquisadores realizaram um estudo, publicado na revista Psychologial Science, que analisou 167 casais, dos quais 100 eram casados e 67 estavam namorando, e o tempo de relacionamento desses pares transitava entre um período inferior a 3 meses e superior a 53 anos.
Basicamente, os casais deveriam falar sobre como eles mesmos haviam mudado durante o transcorrer da relação e, durante esse diálogo, eles estavam a ser filmados. Logo, os vídeos foram submetidos a um diagnóstico mais profundo, onde codificadores pré-ajustados analisaram os níveis de “atratividade” que cada pessoa demonstrara para com o seu parceiro.
Com tais dados, os pesquisadores notaram que aqueles que já se conheciam relativamente bem antes de iniciarem um relacionamento, exibiram menor nível de “atratividade” do que os que começaram um romance logo após se conhecerem – como eles haviam suspeitado.
O estudo mostra que esse comportamento também se aplica aos amigos que, após um período de amizade (Friendzone), iniciam uma relação afetiva, pois nesses casos o elemento “beleza” também não é detectado como um fator importante. Clássico caso “Monica e Chandler”.
Sendo assim, a pesquisa indica que conforme o tempo transcorre, as percepções relativas a beleza sofrem mutações e dão espaço para que outros aspectos sejam notados, abrindo um novo leque de oportunidades sensitivas.
Então, pode ser que aquela montanha de areia, dourada, cintilante, quente e acolhedora seja melhor transportada no seu tipo de caminhãozinho, mesmo que ele não seja o último modelo lançado. Dê tempo ao tempo.
Tentando encontrar uma resposta mais classuda que U-HU!! Mas dentro de mim algo não para de pular e gritar U-HU!!! DÁ-LHE EDUARDO!!! Cara, fiqeui muito afim de ler esse artigo. Sabes se ele está disponível online? vou lançar no google os nomes dos autores, reunidos, e ver o que aparece. Mega abração!
ExcluirComeça por aqui: http://www.psychologicalscience.org/index.php/news/releases/longer-acquaintance-levels-the-romantic-playing-field.html / No final tem um link pro material "bruto", acho eu.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirAdorei o texto...Vou lá xeretar também!
ExcluirBrigado Edu!!
Bom amigo....
ResponderExcluirFico feliz que você tenha encontrado o fio do novelo....
Agora é com você....
Uma vez escutei que uma crença pessoal ofendida equivale a um deus ofendido! A vingança desse deus quase sempre é terrível!
Conta comigo!